Tento te escrever de forma pulsante, com sangue fresco, pensamento novo. Assim de face nua, olhar de início e fim e um sorriso sincero. Nada menos que isso. Quero o sabor de amanhecer de todo momento.
Quero agarrar toda nota de tempo da harmonia musical de todos os tempos. O passado, um tesouro perdido, que sem valor só vale a lembrança. O futuro, dádiva divina. E o presente, do qual me faço.
Faço-me inteira de instantes. Mas os instantes já mudaram, mudam numa respiração, num piscar de olhos. Sou caleidoscópio, mutação ambulante. Encho-me do agora para escrever-te e cavo a alma, cavo-a o máximo que consigo. A fim de achar o que motiva a escrever, amar e respirar. A fim de achar o sentimento fresco, pois fresca e jovem minha alma deve ser.
E quando morre o sentimento daquele instante fico, por uma fração de segundo, vazia, esqueleto sem vida. Até que outro pensamento me corrompe novamente. E de pensamento em pensamento eu faço o instante que me faz.
Escrevo-te caindo e caindo em mim, me amasso, me sufoco e de mim renasço em subproduto de mim mesma. Faço isso neste instante. Eu sou meu passado, presente e futuro. Sempre fui.
Nasço como nascem os instantes e da mesma forma morro. Não que me mate, mas simplesmente me uso e me acabo. Apago e acendo, apago e acendo, a todo instante apago e acendo. E essas alternâncias luminosas se transformam em sonoras. Notas que compõem o meu tempo, notas deste instante que gravo aqui. Vou me existindo no meu tempo conforme sou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário