terça-feira, 26 de outubro de 2010

Dreams

Am I the prayer, the pray or the living prey?

Infected

I'm living other's people life,
I'm telling them some lies
exposing cries beneath their lives

To somehow me, and just me and I
search for the inner light
from the shameful and dearest eyes

But, all I get from being aside
is a huge pain in the heart,
and a bunch of tears in my eyes

And now to fullfill my engine
I need again the loving stampede
to warm me up on freezing nights.

That's all that lies within my heart,
just not sure if I'm obsessed,
but I'm blessed, to row so far.

sábado, 23 de outubro de 2010

Destino Maravilhoso

São uns sopros pertinazes
Que escapam sem permissão,
Recôndito nos sorrisos
E nos pesados olhares.

E a respiração funde-se
A uma melodia de veneta,
Como se lamentassem
Das mesmas tormentas.

Os intépridos argonautas,
Em sua busca itinerante,
Ao contar o verdejante de seus anos
Abstém-se ao cenário atávico.

Ao encontrar os saltimbancos
Fogem do mar, fogem do mar!
Fogem para o langor da carência
Que aconchega a romântica inocência.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

domingo, 17 de outubro de 2010

Hector e Sr. Fox - Parte 9 ou Cozinhando com Amélia

Hector estava a duas semanas na cidade grande e o máximo que havia feito era coco 26 vezes. Sim essa era sua obra máxima e mais importante naquele momento.

Mas o telefone tocou diferente naquela quinta feira, uma voz gelada e histérica do outro lado deu a notícia, casting em 40 minutos. Mas pera lá! O garoto não conseguiria se preparar tão bem, fazer toda a análise em frente ao espelho identificando os angulos bons e ruins daquele dia, não conseguiria depilar se fosse necessário, ou sequer cortar o cabelo.

Só que a conta bancária e a tia gritavam, então ele foi, e foi correndo. A gelada histérica garantiu que não haveria algum problema, que era um casting simples e que o "pessoal" da produção havia "adorado" seu composite (tudo com aspas) Aham, acredito sim! Mas o Hector bananão acreditou e foi correndo. Tomou um banho rápido, esquecendo inclusive de lavar debaixo do braço esquerdo. Mas afinal era quinta de manhã, havia tomado banho no outro dia de noite, ele estava limpinho (o suficiente).

Colocou uma roupa como a voz falou, camiseta branca e jeans. Segurou a mochila pela alça enquanto passava correndo com uma banana na mão, e foi o suficiente pra ela pegar impulso e voar pras costas dele, num movimento finamente calculado e bem sucedido (a mochila, não a banana). Saindo pela porta só conseguiu escutar o telefone tocando de novo e sua tia atendendo, e enquanto mastigava o último pedaço de banana constatou que o toque do telefone estava mesmo diferente, mas era porque alguém havia trocado. Fechou a porta e entrou no elevador.

Segurou a casca de banana por 8 minutos até encontrar uma lixeira que fosse possível se aproximar sem desviar do trajeto mental que estava matutando. Chegou na estação de metro, passou o bilhete, pensou em S.h., rodou a catraca, entrou com passos firmes enquanto olhava o vagão que se aproximava, pensou no Sr. Fox, colocou um fone de ouvido. Fitou a porta por um tempo descomunal de 10 segundos e assim que ela abriu, entrou.

Sentou no vagão semi vazio (ou semi cheio, depende do ângulo) e ficou tentando ler todas as assinaturas dos vidros em volta, a mais antiga tinha 3 anos e a mais nova ainda nem estava totalmente pronta. Chegou na paulista, os prédios enormes em volta, como grandes colunas de um céu ainda inacabado. Colocou o outro fone, neutralizando o barulho da rua um pouco e continuou andando.

Chegou no prédio do número indicado, entrou no saguão e anunciou seu nome, mas descobriu que seu nome não estava autorizado pro casting. Na verdade eles nem faziam ideia de quem era o Hector. Isso só serviu pra deixar ele ainda mais perdido, e assim que a loira da recepção garantiu pela oitava vez, bufando, que não estava autorizada a entrada, ele virou e foi em direção a porta. Fazer o que né? Mas antes de atingisse sua meta, uma voz gelada, mas não histérica, chamou ele. (na verdade a voz gritou "OOO garoto!" mas ele entendeu).

Não haviam muitos candidatos, e quanto mais gente melhor, ai o sujeito retomou o assunto, explicou que era um casting para a vaga de ajudante de uma apresentadora de grande fama (tá bom), que ele nem precisaria saber cozinhar, mas sim ajudar ela com o andamento do programa.

Ele não achou esquisito na hora, e topou fazer o teste. Mas no caminho em direção a sala de teste de câmera ele achou muito esquisito, porque uma apresentadora famosa precisaria de um ajudante pra conduzir o programa, e não pra cozinhar? Enfim, aconteceu.

Hector extremamente nervoso parou na frente da câmera, alguém lhe entregou um papel com algumas falas e pediu pra ele ler em voz alta. Hector questionou sobre qual a motivação, que tipo de entonação deveria usar e etc. O diretor nem se deu ao trabalho de responder e apontou pro canto da sala onde alguém (o mesmo que entregou o roteiro), estava de cócoras e respondeu de costas sem nem mesmo olhar pro diretor, como se já soubesse que iria sobrar pra ele:
- Então Hector, é Hector seu nome, certo?
Hector concordou com um balançar de cabeça, e nem se deu conta que o cara estava de costas e não iria ver a resposta. O cara então continuou:
- A apresentadora na verdade sabe tudo o que deve fazer, mas ela já está numa idade difícil, se é que você me entende. Ela as vezes se perde do roteiro, e como ela insiste em conversar com uma foto de pudim que tem no cenário, tivemos a ideia de fazer um novo personagem. O GRANDE PUDINZINHO. E é para essa vaga que estamos fazendo o casting. Agora você poderia ler, imaginando que é um pudim?

Hector se mijou de rir quando saiu dali, mas naquela hora continuou sério, e disse "CLARO" (dessa vez não balançou a cabeça).

Começou pela segunda frase pois teve vergonha da primeira: - Amélia, querida Mélinha, é pó soluvel e não soldivel.

O diretor nem pestanejou, e disse: - É isso meu garoto, procuramos alguém de boa aparência e que saiba entrar no personagem. O modo que você encheu a boca pra passar o aspecto fofo e de cremosidade do pudim me acertou em cheio. Maravilhoso trabalho.

Ahn?

Tá, agora Hector era o Sr. Pudim, fato que o levou diretamente a pensar no paradeiro do amigo, Sr. Fox.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Hector e Sr. Fox - Parte sem número e sem nome

A cerca de 12 minutos ele nunca havia formado uma frase inteira, na verdade nunca havia exteriorizado uma, e isso estava limitando sua coordenação motora para continuar em linha reta sem guinadas repentinas.

Não pense que guinadas repentinas não são boas, são ótimas na medida certa, mas nosso amigo aqui não entendia muito bem disso. Sempre opositivo, sempre inseguro, sempre receoso se poderia manter uma mesma posição por bastante tempo. Sempre usando palavras repetidas.

Hector acabara de perder um pedaço de confusão interna, mas ainda estava a caminho da biblioteca. Os pés mal tocavam o piso, a respiração finamente calculada, inspirações longas e expirações quase que imperceptíveis faziam daquele corredor um tanto mais comprido. O piso de linóleo empurrava ele na mesma força da sua passada, parecia flutuar sem muito alarde. Levemente chegava no seu destino. A porta parecia menor, mas o barulho ali dentro não deixava dúvidas, biblioteca em véspera de prova.

O menino entrou, passou rapidamente pela bibliotecária sem fazer algum contato visual, de cabeça baixa e passada ligeira, diferente do que havia feito durante o percurso até ali.

Enfiou a mão no bolso e puxou um pedacinho de papel amassado, letra de menina com as coordenadas necessárias. Corredor 2, prateleira 3, o lugar era o indicado, mas até encontrar o que ele realmente queria demorou mais um tempinho, exatamente 3 semanas (ou 15 minutos em tempo real), e ainda só conseguiu encontrar com a ajuda de algumas pessoas que entendiam melhor de bibliotecas.

Bibliotecas são o lugar ideal para encontrar soldados, reinos, planetas longínquos e a matéria de biologia III.

Sr. Fox nesse mesmo tempo só quis saber de sentar, ficar quieto, não estudar nada. Era um tempo mais que benvindo, um tempo pra ele mesmo. Estava com os braços em volta dos joelhos e queixo falsamente apoiado nos mesmos, a ver o movimento das folhas no jardim e o barulho do vento numa tarde de primavera.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Sentido

Não forma frases inteiras, não gosta do sujeito, nem do predicado.
Gosta de aditivos, substantivos e adjetivos. Do de, não do do.

E é isso, interessante no início. Paixão pelos duplo sentidos, triplo sentidos, e pelos cem e sem sentidos.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

E a nesga?

E a nuca, e a luva, e a cotoveleira. E a bota?
O chão, a água, e a goteira.

E a insônia, luz acesa, e o medo?
A adição, e a nesga. E a repetição, e o polissíndeto?
E o cacho, as uvas, em cima da mesa.
E a nesga.

E o padre, e a dilma, e a imprensa.
E as frutas, e a ameixa, e as uvas ainda na mesa.

E a luta?

E a curva, e a mesma?
E na frente a barragem. E o tijolo?
E na mesma, a nesga de luz por cima da mesa.

E a viagem, e a vespa?
E o quilômetro rodado por sobre o asfalto, e o salto?

E o beijo e o abraço e o boa viagem?
E a passagem.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Capim Imperial

Em campo aberto, corro atrás dos porquês.
Em campo, aperto as conclusões escondidas.
Encurralo-as e investigo em suas caras
Os pecados passados.

Como uma santa, zelando pelos
Erros alhures da humanidade.
Mas não sou santa e quero acordar desse pesadelo,
Zelando pela sanidade.

Olho para seu rosto e
Nada.
Olho através da janela,
Nada.

Porque não sou santa, não sou santa.
Não sinto ódio nem compaixão.

Estou no ócio contemplando o meu nada,
Coisa que se deve fazer
Em campos abertos, em campos abertos...

Olho através de das gotas de sol
E nada.
Olho através das promessas
E nada.

Como uma santa. Imparcial.
Mergulho no abismo do meu chão
Que me sufoca de tanta horizontalidade
De tanta solidez, de tanta estabilidade.

O capim doura com o sol,
Majestoso e imperial.
O capim morre para viver,
Viver o animal.