A cerca de 12 minutos ele nunca havia formado uma frase inteira, na verdade nunca havia exteriorizado uma, e isso estava limitando sua coordenação motora para continuar em linha reta sem guinadas repentinas.
Não pense que guinadas repentinas não são boas, são ótimas na medida certa, mas nosso amigo aqui não entendia muito bem disso. Sempre opositivo, sempre inseguro, sempre receoso se poderia manter uma mesma posição por bastante tempo. Sempre usando palavras repetidas.
Hector acabara de perder um pedaço de confusão interna, mas ainda estava a caminho da biblioteca. Os pés mal tocavam o piso, a respiração finamente calculada, inspirações longas e expirações quase que imperceptíveis faziam daquele corredor um tanto mais comprido. O piso de linóleo empurrava ele na mesma força da sua passada, parecia flutuar sem muito alarde. Levemente chegava no seu destino. A porta parecia menor, mas o barulho ali dentro não deixava dúvidas, biblioteca em véspera de prova.
O menino entrou, passou rapidamente pela bibliotecária sem fazer algum contato visual, de cabeça baixa e passada ligeira, diferente do que havia feito durante o percurso até ali.
Enfiou a mão no bolso e puxou um pedacinho de papel amassado, letra de menina com as coordenadas necessárias. Corredor 2, prateleira 3, o lugar era o indicado, mas até encontrar o que ele realmente queria demorou mais um tempinho, exatamente 3 semanas (ou 15 minutos em tempo real), e ainda só conseguiu encontrar com a ajuda de algumas pessoas que entendiam melhor de bibliotecas.
Bibliotecas são o lugar ideal para encontrar soldados, reinos, planetas longínquos e a matéria de biologia III.
Sr. Fox nesse mesmo tempo só quis saber de sentar, ficar quieto, não estudar nada. Era um tempo mais que benvindo, um tempo pra ele mesmo. Estava com os braços em volta dos joelhos e queixo falsamente apoiado nos mesmos, a ver o movimento das folhas no jardim e o barulho do vento numa tarde de primavera.
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