quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Você

Não era o voo mais longo, nem o destino mais lindo, nem o mais esperado, mas era o momento ideal. O aviao decolava com quase 30 minutos de atraso, novamente nada demais, quase metade dos voos daquele aeroporto atrasam, sem contar os cancelados.

Mas foi naquele voo, logo apos a decolagem, enquanto o aviao ainda acelerava pra atingir a velocidade de cruzeiro, ele pendeu para o lado oposto a mim ao passar pela camada de nuvens e pude ver durante o crepusculo o ceu, de azul denso porem claro, degrade, brilhante proximo a linha do horizonte e cada vez mais forte a medida que se afastava, com cada ponto luminoso, cada estrela extremamente luminosa em suspensao. Pela primeira vez na vida tive a percepcao do que apenas se le nos livros, de que as estrelas sao sois e planetas cada um a uma distancia diferente na imensidao do universo, cada qual unica, com luminescencias diferentes.

Nao eram apenas luzes de natal pregadas em um veludo escuro. Eram corpos vivos.

E ao olhar mais pra baixo, uma lava branca queimando luzes por nuvens densas de algodao. Todo predio, poste, estadio, shopping center era agora reduzido a uma luz disforme, filtrada pelo principio de chuva logo abaixo.

Uma cidade vivia ali embaixo, sem a consciencia de tudo que existia ali em cima, e alem.

Voltando o olhar mais pra frente pude ver que iamos em direcao ao por do sol, o que fez com que aquele azul brilhante e as estrelas em suspensao ficassem se locomovendo na mesma velocidade que eu, exatamente ao meu lado por 5 minutos. Era o infinito como companheiro de viagem, em direcao ao por de um sol.

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