sábado, 18 de dezembro de 2010

Hmmm...

Superego: Então quer dizer que vc ficou emocionalmente abalado depois de ver um filme?

Ego: Sim.

Superego: Um filme chamado Tron, é isso?

Ego: É.

Superego: Vc sabe que ele é baseado em um jogo de videogame, né?

Ego: Mas também trata de questões profundas de religião.

Superego: Tá, e a exatos quantos minutos vc é religioso mesmo?

Ego: Também trata de copyrighting e acesso ao conhecimento.

Superego: E qual o nome das crianças desprivilegiadas que vc ajuda?

Ego: E também trata da busca da perfeição.

Superego: Hmmm...

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

I really tried to make it up

E dos objetos pessoais? Sujos e maquiavélicos. E ficam tentando se comunicar com a gente. Já gritei com meu celular duas vezes essa semana, inclusive em público e o safado ainda não aprendeu.

Ele, ainda traumatizado, trava ao leve som da chuva. Precisa de carinho e um local seco e quentinho pra voltar a funcionar. Devo admitir que é algo difícil em São Paulo nessa época do ano, mas tenho dado meu jeito. Melhor que o meu antigo que tinha ódio a brigas, desligava no meio de discussões. E só voltava se eu ficasse calmo, o que as vezes levava horas.

E toda essa personificação dos objetos não passa da minha tentativa de objetivação.

Indistinto

Se eu tivesse que dar um nome, seria com certeza maldição.

s.f. Ato ou efeito de amaldiçoar.
Palavras com que uma pessoa deseja que advenham males a outra; praga.
Desgraça, fatalidade: a maldição caiu sobre o infeliz

Desgraça eu nem digo, mas fatalidade sim. E que recaiu sobre o infeliz, mais ainda. Se ao menos não tivesse sentido nada ainda. Mas agora já senti. Não tem mais o que ser feito, está no meu sangue. Deliberado.

Não consigo escapar, e me arrastam pensamentos, e me fecha a garganta, e me cala a boca no meio de um sorriso, na simples lembrança de um momento. E deve ser por ser tão inteligível que me faltam argumentos opositivos.

Mas a maldição não está em ter acabado, está em nunca ter recomeçado. Eu fadado, machucado e calado. Não quero algo novo, e o velho? É velho. Não quero a desgraça conhecida, quero me ferrar de novo.

Então é isso? Eu quero me ferrar, não quero o velho, e não quero algo novo. Então depois de maldição, a outra única palavra que também tenho certeza é confuso, sim estou confuso.

adj. Que não é claro
Indistinto
Perturbado, transtornado

Não estou claro, estou perturbado, transtornado, e mais ainda: indistinto. Me misturei a massa. A massa que chora o passado, foge do futuro, e se joga no chão e faz manha pra não levantar. Sou fraco, covarde e agora minha maldição me trouxe meu maior medo, ser indistinto.

De tudo na vida suportaria, pedras, brasas, torturas, mas nunca ser igual. Não ser único.

E minha maldição? Nem ela me faz único? É uma maldição congênita, advinda dos meus antepassados. Ah mas eu preferiria mil vezes os olhos claros, a pele amarela e a arrogância. Mas uma predisposição maldita ao amor? Não é possível. Ainda mais desses amores a primeira vista, que levam anos pra comunicar, platônicos. Eu não quero, e se não for possível uma dissociação, que me levem embora, mas eu nego. Eu piso, eu cuspo, eu não aceito essa herança. Foi bom, mas infelizmente acabou nosso tempo.

Quanto a ser indistinto, preciso de mais 15 minutos. Ainda estou confuso.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

I guess

Eu acho que vi em algum lugar. Na minha imaginação, é um lugar não é?

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Somewhere where the captain won't be mad

Cansei de ser massa de manobra,
Cansei da desonra.
Cansei da falta de respeito, do pejorativo.

Isso, exatamente disso, cansei do pejorativo,
De tornar pior algo lindo.

Mas parece que eu deixo,
Ou pior eu incentivo,
Quando não me dou o respeito, me sinto inseguro, eu minto.

Não minto, eu provoco.
Mas eu provoco exagerando uma verdade.
Numa quantidade que é mentira.

E acaba que eu mesmo me tiro a razão,
E afasto de mim, minha liberdade.
E dou aos outros insumos pro pejorativo.

E eu sinto.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

terça-feira, 23 de novembro de 2010

If there’s anything to say, if there’s anything to do, if there’s any other way, I’d do anything for you.

Aquela vontade de fugir... Aquela vontade de ficar... Vontade de curar a alma... A encruzilhada assusta e pressiona conforme a sua proximidade, e quanto mais eu ando mais longe me deixo pelo caminho.

Como quem olha uma cruz na estrada pela janela do carro que passa rápido e nos faz sentir lentos, mais lentos que o mais quente tempo. O tempo derrete aos poucos na minha mente. Mornas manhãs do passado brincam de esconde-esconde. E eu as escondo. Eu as escondo.

Sinto-me vazia e insossa como um fantasma e imóvel como um cadáver que, durante alguns segundos que se demoram como anos, depois de uma grande explosão, vê estourar o coração e assiste o resto queimar devagar...

E as lágrimas não querem deixar. As lágrimas... As lágrimas impedem a combustão de ser como deve. Não deixam o corpo consumir-se. Elas não nos deixam falir. Vertem um pouco de tristeza e alegria. E nos deixa lentos.

Busco o calor que me falta no Sol, que brilha e que queima e que se consome. Busco inspiração... busco pena... Ele nunca parará de queimar?

E a lua? Será fria como tu ou será apenas resignada? As estrelas, como lágrimas congeladas, de tanto lembrar-lhe do que quer esquecer, acabaram por congelar-la também.

Quem me dera que tu fosses a Lua! Então eu seria o seu Sol e te curaria de todos os teus males.

Quem me dera...

domingo, 21 de novembro de 2010

Final

Nunca mais é muito tempo.
Pra sempre é tempo demais.
Fica aqui sem ponto final

Aposta

Eu jogo tudo, ele pega e joga fora a minha lucidez e todo o meu estudo.
Eu acho que ele me namora, ele acha que só rola diversão.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

For all the things that I believe

The sweetness and tenderness on the loveless moments of the self-clamed lonely fellows.
Turn us all into bright guys with shiny armors, on the following skies.

The early morning sun make me and my beloved ones, stare for long longing hours at the older times.
So me, myself and i, fly to the burned clouds on the previous nights, on metal minds.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Silver grin

Aqueles poucos que não se perdem, 
nesse andar pesado, dessa vida frágil
ficam frustrados, buscando aqui o eterno. 
Mesmo que no chão só existam passos.


E os que não se frustam completamente 
tem a mínima chance de serem felizes,
pois algumas vezes a felicidade perdura 
por mais de um tempo sufocado em riste. 


Então acaba por virar um mesmo sonho, 
vivido límpido, vívido e ad aeternum


Deixando de ser uma vida parada, 
sonhada, calma e apática para sempre.


(obrigado senhor pela falta de versos aliterativos no mundo)

Chupa essa manga

De tudo, ao meu amor serei desatento
Antes, e com desprezo, e nunca, e falho
Que mesmo em frente a um novo encanto
Dele se afaste mais meu pensamento. 

Quero matá-lo em todo vão momento
E em seu fingir, hei de sufocar meu canto
Sem rir meu riso, só derramar meu pranto
Ao seu pensar e meus contestamentos.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, lisura de quem vive
Ou a sofreguidão, fardo de quem ama

Eu possa dizer do seu amor (se tive):
Por mais que seja imortal, arde e é chama
Então não seja infinito o seu perdure.


(releitura do mais lindo soneto de Vinícius de Moraes)

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Vi o amor vencer o tédio


Penso automaticamente num churrasquinho, de queijo coalho e espetinho. Com farofa e quindim.

O quinto cômodo

De todos os quartos, o quinto cômodo era o mais novo, mesmo sendo o primeiro construído. Era limpo, organizado e arejado, com duas janelas baixas e altas que quase alcançavam o teto.

O mais interessante é que o quarto não era utilizado, nunca. Dentro apenas um piano preto de cauda preenchia o ambiente, o restante da mobília era desprezível. Não era horrenda, era desprezível pelo simples fato de não ter importância alguma, de poder a qualquer momento ser substituída sem prejuízo.

Na mesa desimportante de canto, a de pernas esguias, apenas um vaso transparente com flores velhas na água turva. As cortinas de renda branca emolduravam o pouco que se via pelos vidros sujos e finamente bisotados. Nos últimos anos a única companhia da água suja era a luz do sol.

O piano acordava todo dia às seis e meia, maquinalmente. Sua laca preta empoeirada pouco refletia, mas mesmo assim, antes da cristaleira, era o único indício de vida matinal.

A cristaleira e os quatro porta-copos tinham o mesmo aspecto, frios.

Enquanto o quarto todo dormia, apenas a poeira trocava de lugar. Ora no taco de ipê, ora nas teclas de marfim.

domingo, 7 de novembro de 2010

well i called your number twice

Não se iluda, mais é mais, e menos é menos. E são apenas maneiras bem evasivas de quantificar, não querem dizer nada além disso. Imputar qualquer outro tipo de significado gera apenas confusão descabida. Mas somos humanos e aprender é algo que temos nos esquecido diariamente.

E no momento auto ajuda confie em si mesmo e não em palavras.

oú c'est vous?

As 2 são importantes, é fato. Mas a segurança é de ouro e a proteção de prata. Enquanto a segurança deve ser mantida muito próxima, e se basear em no mínimo duas pontes, emocional e racional, a proteção deve ser um pouco mais ampla e distante, para não sufocar. O ideal é essa última se basear em diversos pontos de apoio, racionais, irracionais, emotivos, desconexos, tanto faz. Quanto mais melhor.

(me distrai tanto durante que o Id acabou dormindo e eu me perdendo)

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Ma como?

Id: - Se você tivesse um desejo, o que pediria?

Ego: - Paz mundial.

Id: - Tá, tá bom, é sim viu. Sério, um pedido, o que seria?

Ego: - Tô falando, paz mundial. Não tô falando daquela paz medíocre ao qual as misses se referem quando questionadas, estou falando de uma paz em todos os aspectos. Não haver mais guerras, não haver mais intolerâncias de nenhum tipo, haver uma preservação dos direitos civis, tudo isso. Ou seja, o respeito a vida acima de tudo e a preservação dos seus direitos.

Id: - Hmmm, tô sentindo uma pitada de problemas com auto aceitação. Ego, você precisa se valorizar mais, e não ficar perseguindo a paz mundial só pra se aceitar. Você pouco se importa com as outras pessoas, se elas não te julgassem, ou te repreendessem quando anda por aí igual um louco, você estaria feliz e daria de ombros pra paz mundial. Pensa nisso.

Ego: - Não. Hmmm. Pera, acho que...

Superego: - Paro a palhaçada, os dois deveriam estar dormindo AGORA. Corta já esse papinho idiota e cama, seus porra!

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Ostacoli

E ela me pergunta, "Pra que ficar 3 dias sem comer?". Porque meu coração bate mais forte a partir da quadragésima nona hora.

i don't like to see you cry

Aqueles poucos que não se perdem, ficam frustrados buscando o eterno, eternamente. E os que não se frustam completamente tem uma fração de chance de serem felizes. E algumas vezes a felicidade perdura por mais que o tempo de um sonho. Então acaba por virar um sonho, vivido ad aeternum e deixa de ser uma vida sonhada para sempre.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Dreams

Am I the prayer, the pray or the living prey?

Infected

I'm living other's people life,
I'm telling them some lies
exposing cries beneath their lives

To somehow me, and just me and I
search for the inner light
from the shameful and dearest eyes

But, all I get from being aside
is a huge pain in the heart,
and a bunch of tears in my eyes

And now to fullfill my engine
I need again the loving stampede
to warm me up on freezing nights.

That's all that lies within my heart,
just not sure if I'm obsessed,
but I'm blessed, to row so far.

sábado, 23 de outubro de 2010

Destino Maravilhoso

São uns sopros pertinazes
Que escapam sem permissão,
Recôndito nos sorrisos
E nos pesados olhares.

E a respiração funde-se
A uma melodia de veneta,
Como se lamentassem
Das mesmas tormentas.

Os intépridos argonautas,
Em sua busca itinerante,
Ao contar o verdejante de seus anos
Abstém-se ao cenário atávico.

Ao encontrar os saltimbancos
Fogem do mar, fogem do mar!
Fogem para o langor da carência
Que aconchega a romântica inocência.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

domingo, 17 de outubro de 2010

Hector e Sr. Fox - Parte 9 ou Cozinhando com Amélia

Hector estava a duas semanas na cidade grande e o máximo que havia feito era coco 26 vezes. Sim essa era sua obra máxima e mais importante naquele momento.

Mas o telefone tocou diferente naquela quinta feira, uma voz gelada e histérica do outro lado deu a notícia, casting em 40 minutos. Mas pera lá! O garoto não conseguiria se preparar tão bem, fazer toda a análise em frente ao espelho identificando os angulos bons e ruins daquele dia, não conseguiria depilar se fosse necessário, ou sequer cortar o cabelo.

Só que a conta bancária e a tia gritavam, então ele foi, e foi correndo. A gelada histérica garantiu que não haveria algum problema, que era um casting simples e que o "pessoal" da produção havia "adorado" seu composite (tudo com aspas) Aham, acredito sim! Mas o Hector bananão acreditou e foi correndo. Tomou um banho rápido, esquecendo inclusive de lavar debaixo do braço esquerdo. Mas afinal era quinta de manhã, havia tomado banho no outro dia de noite, ele estava limpinho (o suficiente).

Colocou uma roupa como a voz falou, camiseta branca e jeans. Segurou a mochila pela alça enquanto passava correndo com uma banana na mão, e foi o suficiente pra ela pegar impulso e voar pras costas dele, num movimento finamente calculado e bem sucedido (a mochila, não a banana). Saindo pela porta só conseguiu escutar o telefone tocando de novo e sua tia atendendo, e enquanto mastigava o último pedaço de banana constatou que o toque do telefone estava mesmo diferente, mas era porque alguém havia trocado. Fechou a porta e entrou no elevador.

Segurou a casca de banana por 8 minutos até encontrar uma lixeira que fosse possível se aproximar sem desviar do trajeto mental que estava matutando. Chegou na estação de metro, passou o bilhete, pensou em S.h., rodou a catraca, entrou com passos firmes enquanto olhava o vagão que se aproximava, pensou no Sr. Fox, colocou um fone de ouvido. Fitou a porta por um tempo descomunal de 10 segundos e assim que ela abriu, entrou.

Sentou no vagão semi vazio (ou semi cheio, depende do ângulo) e ficou tentando ler todas as assinaturas dos vidros em volta, a mais antiga tinha 3 anos e a mais nova ainda nem estava totalmente pronta. Chegou na paulista, os prédios enormes em volta, como grandes colunas de um céu ainda inacabado. Colocou o outro fone, neutralizando o barulho da rua um pouco e continuou andando.

Chegou no prédio do número indicado, entrou no saguão e anunciou seu nome, mas descobriu que seu nome não estava autorizado pro casting. Na verdade eles nem faziam ideia de quem era o Hector. Isso só serviu pra deixar ele ainda mais perdido, e assim que a loira da recepção garantiu pela oitava vez, bufando, que não estava autorizada a entrada, ele virou e foi em direção a porta. Fazer o que né? Mas antes de atingisse sua meta, uma voz gelada, mas não histérica, chamou ele. (na verdade a voz gritou "OOO garoto!" mas ele entendeu).

Não haviam muitos candidatos, e quanto mais gente melhor, ai o sujeito retomou o assunto, explicou que era um casting para a vaga de ajudante de uma apresentadora de grande fama (tá bom), que ele nem precisaria saber cozinhar, mas sim ajudar ela com o andamento do programa.

Ele não achou esquisito na hora, e topou fazer o teste. Mas no caminho em direção a sala de teste de câmera ele achou muito esquisito, porque uma apresentadora famosa precisaria de um ajudante pra conduzir o programa, e não pra cozinhar? Enfim, aconteceu.

Hector extremamente nervoso parou na frente da câmera, alguém lhe entregou um papel com algumas falas e pediu pra ele ler em voz alta. Hector questionou sobre qual a motivação, que tipo de entonação deveria usar e etc. O diretor nem se deu ao trabalho de responder e apontou pro canto da sala onde alguém (o mesmo que entregou o roteiro), estava de cócoras e respondeu de costas sem nem mesmo olhar pro diretor, como se já soubesse que iria sobrar pra ele:
- Então Hector, é Hector seu nome, certo?
Hector concordou com um balançar de cabeça, e nem se deu conta que o cara estava de costas e não iria ver a resposta. O cara então continuou:
- A apresentadora na verdade sabe tudo o que deve fazer, mas ela já está numa idade difícil, se é que você me entende. Ela as vezes se perde do roteiro, e como ela insiste em conversar com uma foto de pudim que tem no cenário, tivemos a ideia de fazer um novo personagem. O GRANDE PUDINZINHO. E é para essa vaga que estamos fazendo o casting. Agora você poderia ler, imaginando que é um pudim?

Hector se mijou de rir quando saiu dali, mas naquela hora continuou sério, e disse "CLARO" (dessa vez não balançou a cabeça).

Começou pela segunda frase pois teve vergonha da primeira: - Amélia, querida Mélinha, é pó soluvel e não soldivel.

O diretor nem pestanejou, e disse: - É isso meu garoto, procuramos alguém de boa aparência e que saiba entrar no personagem. O modo que você encheu a boca pra passar o aspecto fofo e de cremosidade do pudim me acertou em cheio. Maravilhoso trabalho.

Ahn?

Tá, agora Hector era o Sr. Pudim, fato que o levou diretamente a pensar no paradeiro do amigo, Sr. Fox.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Hector e Sr. Fox - Parte sem número e sem nome

A cerca de 12 minutos ele nunca havia formado uma frase inteira, na verdade nunca havia exteriorizado uma, e isso estava limitando sua coordenação motora para continuar em linha reta sem guinadas repentinas.

Não pense que guinadas repentinas não são boas, são ótimas na medida certa, mas nosso amigo aqui não entendia muito bem disso. Sempre opositivo, sempre inseguro, sempre receoso se poderia manter uma mesma posição por bastante tempo. Sempre usando palavras repetidas.

Hector acabara de perder um pedaço de confusão interna, mas ainda estava a caminho da biblioteca. Os pés mal tocavam o piso, a respiração finamente calculada, inspirações longas e expirações quase que imperceptíveis faziam daquele corredor um tanto mais comprido. O piso de linóleo empurrava ele na mesma força da sua passada, parecia flutuar sem muito alarde. Levemente chegava no seu destino. A porta parecia menor, mas o barulho ali dentro não deixava dúvidas, biblioteca em véspera de prova.

O menino entrou, passou rapidamente pela bibliotecária sem fazer algum contato visual, de cabeça baixa e passada ligeira, diferente do que havia feito durante o percurso até ali.

Enfiou a mão no bolso e puxou um pedacinho de papel amassado, letra de menina com as coordenadas necessárias. Corredor 2, prateleira 3, o lugar era o indicado, mas até encontrar o que ele realmente queria demorou mais um tempinho, exatamente 3 semanas (ou 15 minutos em tempo real), e ainda só conseguiu encontrar com a ajuda de algumas pessoas que entendiam melhor de bibliotecas.

Bibliotecas são o lugar ideal para encontrar soldados, reinos, planetas longínquos e a matéria de biologia III.

Sr. Fox nesse mesmo tempo só quis saber de sentar, ficar quieto, não estudar nada. Era um tempo mais que benvindo, um tempo pra ele mesmo. Estava com os braços em volta dos joelhos e queixo falsamente apoiado nos mesmos, a ver o movimento das folhas no jardim e o barulho do vento numa tarde de primavera.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Sentido

Não forma frases inteiras, não gosta do sujeito, nem do predicado.
Gosta de aditivos, substantivos e adjetivos. Do de, não do do.

E é isso, interessante no início. Paixão pelos duplo sentidos, triplo sentidos, e pelos cem e sem sentidos.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

E a nesga?

E a nuca, e a luva, e a cotoveleira. E a bota?
O chão, a água, e a goteira.

E a insônia, luz acesa, e o medo?
A adição, e a nesga. E a repetição, e o polissíndeto?
E o cacho, as uvas, em cima da mesa.
E a nesga.

E o padre, e a dilma, e a imprensa.
E as frutas, e a ameixa, e as uvas ainda na mesa.

E a luta?

E a curva, e a mesma?
E na frente a barragem. E o tijolo?
E na mesma, a nesga de luz por cima da mesa.

E a viagem, e a vespa?
E o quilômetro rodado por sobre o asfalto, e o salto?

E o beijo e o abraço e o boa viagem?
E a passagem.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Capim Imperial

Em campo aberto, corro atrás dos porquês.
Em campo, aperto as conclusões escondidas.
Encurralo-as e investigo em suas caras
Os pecados passados.

Como uma santa, zelando pelos
Erros alhures da humanidade.
Mas não sou santa e quero acordar desse pesadelo,
Zelando pela sanidade.

Olho para seu rosto e
Nada.
Olho através da janela,
Nada.

Porque não sou santa, não sou santa.
Não sinto ódio nem compaixão.

Estou no ócio contemplando o meu nada,
Coisa que se deve fazer
Em campos abertos, em campos abertos...

Olho através de das gotas de sol
E nada.
Olho através das promessas
E nada.

Como uma santa. Imparcial.
Mergulho no abismo do meu chão
Que me sufoca de tanta horizontalidade
De tanta solidez, de tanta estabilidade.

O capim doura com o sol,
Majestoso e imperial.
O capim morre para viver,
Viver o animal.

domingo, 26 de setembro de 2010

Saudade

Eu só faço o que quero, mas não é fácil, pois querer sempre o certo é difícil.
E o sempre certo é relativo, o que pra ti é bom pra mim é negativo.

sábado, 11 de setembro de 2010

The Hurts - Wonderful life

On a bridge across the Severn on a saturday night,
Susie meets the man of her dreams.
He says that he got in trouble and if she doesn't mind
He doesn't want the company
But there's something in the air
They share a look in silence and everything is understood
Susie grabs her man and puts a grip on his hand as the rain puts a tear in his eye.

SHE SAYS:

Don't let go
Never give up, it's such a wonderful life
Don't let go
Never give up, it's such a wonderful life

Driving through the city to the temple station,
Cries into the leather seat
And Susie knows the baby was a family man,
But the world has got him down on his knees

So she throws him at the wall and kisses burn like fire,
And suddenly he starts to believe
He takes her in his arms and he doesn't know why,
But he thinks that he begins to see

SHE SAYS:

Don't let go
Never give up, it's such a wonderful life

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Ponto

O senso de curiosidade, ponto.

Batata

"Créc", primeira mordida mais que receosa. Volta a mão ao nariz, segunda cheirada, o gosto parece ainda melhor. Volta a batata à mesa, rigidamente centralizada no guardanapo. Para, olha, sorri com ar de indagação. Olha de novo menos receoso. Repara na cor, vermelho uniforme.

Suspende mais uma vez, dessa vez não morde, repara no guardanapo. "Créc", segunda mordida. 
Canela, páprica, assada. 

Mais uma mordida, lembra do guardanapo.
Canela, páprica, frita (não assada).

Volta pro guardanapo, dessa vez displicente, cai um pontinho vermelho.
Canela, páprica, frita. Com pimenta calabresa.

Numerais

Devia ter percebido no primeiro dia, quando olhei pra platéia e por mais cheia que estivesse, faltava alguém. Perceber depois é muito tempo. Por mais que o depois sejam 10 minutos ou 10 dias, é tempo suficiente pra começar.

Ah e quando começa teima em acabar. Aí vem a primeira, a segunda, a décima quinta, e outra primeira, uma décima quinta mais rápida e a vigésima sétima. Pronto. Suficiente pra acabar o que começou. Mas ninguém aqui disse que começou porque deveria, simplesmente começou, foi sem querer, sem culpa. Mas voltando o pior, acaba sem acabar de verdade, e acaba voltando. Aí pronto, trinta e duas, não da primeira, da segunda, em menos de uma semana. Aí na terça, ou quarta-feira termina tudo de vez, pela segunda vez.

Aí vem ligação, vem chororo, vem mais um monte de numerais. 

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

You've got the love

Um amor algures n'algum calor alhures as vezes eu sinto. 
Um calor algures n'algum amor alhures as vezes eu sinto.

She says don't let go, never give up in such a wonderful life

Não sou desses que vai a festas de formatura, nem desses primeiros a confirmar idas a aniversários ou almoços de último dia. Não me importo.

Eu sou desses que gosta do óbvio, de sair pra conversar num dia comum, de escutar quando tudo é tão normal. Gosto de enxugar as lágrimas, de abraçar sem dizer nada, de apertar contra o corpo, de olhar nos olhos.

Gosto de abrir o vidro quando paro no semáforo, de dizer que não tenho nada com um sorriso.

Luto pra menosprezar a cada dia um preconceito e a cada hora um egoísmo. Não gosto do correto, da lei, ou do que é imposto. Gosto do choro e do riso. E as vezes quando parece que tudo é demais, a vida é otima, os amigos demais, as ideias idem, tenho nojo de eufemismos.

Gosto do gosto da conquista, da tensão da vitória, do grito. E a cada abrir de olhos deixo o passado pra traz, a medida que a pele morta invisível cai do meu corpo adormecido. Tenho que mudar enquanto o oxigênio envelhece minhas células, pra entender que não sou o mesmo. E tenho que ver através do vidro do espelho, pra enxergar que é igual ao de todos, o olhar que tem em mim.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Nada importa, tanto faz, se é pra sempre ou nunca mais

Penso, tento achar palavras pro meu sentimento. Tanto é pouco nada diz, não é triste nem feliz.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Frabula Guinea

E autenticidade demais vira pretensão.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Lusonoid Mind

And I wanna know what happened to your boyfriend
'Cause he was looking at me like "Woah!"

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

My teeth dazzle like an igloo wall

E eu procuro o equilíbrio entre o esteticamente belo e a emoção
busco na audácia da imperfeição.

i will gain an extra life

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

I can't find the words to say, they're overdue.

Eu não me conformo com o fato de precisarmos de palavras para pensar. Penso, logo existo. Letras contam minha existência, a prendem no papel e de essência costurada com carvão e madeira, eu penso: sou impregnada de palavras.

Que doença é pensar, existir. Morremos todos disto, algum dia. A respiração só marca o passo. Não pense demais, não exista demais, só viva às marcas da respiração: a Valsa do Tic Tac. Tal qual deve ser.

domingo, 18 de julho de 2010

Hector e Sr. Fox - Manual de sobrevivência aos 22 ou parte 8

Abril de 2009, Hector não via o amigo a alguns anos e Sr Fox não poderia estar mais sumido. Mas como o próprio nome diz, esse capítulo trata mais de entender uma fase da vida, do que da amizade desses dois. Voltando ao que interessa, o aniversário.

Realmente a manhã do aniversário de 22 anos não deixou Hector muito confortável, muito menos feliz. Era um dia como qualquer outro, mas com um significado que agora o fazia pensar mais do que nas manhãs anteriores. 22 anos, okay, nada demais. Mas nessa idade meninos são pais, os pais estão cada vez mais longe (por opção) e a vida cada vez mais perto (por obrigação). Com ela as responsabilidades, as cobranças. Acabou a brincadeira, aliás a última brincadeira foi justamente a bebedeira na festa de formatura da faculdade, onde se formara com louvor.

Agora Hector, ainda rolando nos lençóis da cama pequena, pensava no futuro. Dormia sozinho, acordava sem ninguém, mas sonhava acompanhado. Mesmo sem saber. Cada criança que acorda e se descobre com 22 anos tem que prestar mais atenção ao trajeto, e acaba se questionando sobre o quase um quarto de século. Tudo isso pra se preparar pro próximo, antes da crise de meia idade.

Mas Hector não tinha essa consciência ainda, ele apenas rolava nos lençóis e não queria ficar de pé. Não queria atender o celular que tocava pela quinta vez, não queria alimentar o corpo magro. Não queria café com ovos e bacon, não queria pizza gelada. Acordou pensando em aveia.

Fato, o garoto acordou diferente, só não sabia disso ainda. Não queria ir pro escritório, a fábrica de fertilizantes parecia ainda mais monótona nesse dia. Afinal era seu aniversário. Ele ainda não sabia, mas o que sentia era um misto de medo dos erros do passado (poucos) e da antecipação da vida futura. Era uma agitação silenciosa.

Hector resolveu então descobrir o peito, e sentindo o ar gelado incomum praquela manhã, tirou o lençol de metade de seu corpo. Olhou pro teto por cerca de 5 minutos, sem pensar em nada, descobriu a outra metade em um movimento rápido e sentou. Encostou a planta dos pés no chão nem tão gelado, ficou de pé aos 22 anos. Deu um sorriso de canto de boca, sentiu orgulho do que vivera até ali.

Chegou no trabalho correndo e em menos de 40 minutos deixou o escritório, só com uma caixa de papelão cheia de papéis, que fez questão de apoiar no cesto de lixo e virar, deixando a caixa ali mesmo. Indo embora sem nada.

Juntou poucos pertences em uma mochila e foi pra rodoviária, era tempo de viajar. Saindo do interior foi pra cidade grande, onde muitos de seus amigos já estavam. Mas não se encontrou com nenhum deles, foi pra casa de sua tia. Viúva, sem herdeiros, e sistemática. Tudo que ele precisava, responsabilidade por mais que não parecesse ele tinha, com isso seguir ordens iria ser fácil. Amor ele não queria, então a fria preocupação da sua tia era exatamente o que ele precisava. Ela respeitava então sua individualidade e ele lhe fazia companhia.

Hector na adolescência chegou a fazer algumas fotos com S.h. então marcara agora uma entrevista em uma agência de modelos que encontrou na cidade grande, não era um sonho de infância, mas pensara que seria o suficiente pra se manter sozinho.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Alfa


Segunda
Terça
Quarto
Cama
Sexta
Cesto
Sexto
Sétimo
Setembro

Segundo
Terço
Quarta
Quinta
Sabático
Celibatário


segunda-feira, 5 de julho de 2010

Presente: dádiva minha.

Tento te escrever de forma pulsante, com sangue fresco, pensamento novo. Assim de face nua, olhar de início e fim e um sorriso sincero. Nada menos que isso. Quero o sabor de amanhecer de todo momento.

Quero agarrar toda nota de tempo da harmonia musical de todos os tempos. O passado, um tesouro perdido, que sem valor só vale a lembrança. O futuro, dádiva divina. E o presente, do qual me faço.

Faço-me inteira de instantes. Mas os instantes já mudaram, mudam numa respiração, num piscar de olhos. Sou caleidoscópio, mutação ambulante. Encho-me do agora para escrever-te e cavo a alma, cavo-a o máximo que consigo. A fim de achar o que motiva a escrever, amar e respirar. A fim de achar o sentimento fresco, pois fresca e jovem minha alma deve ser.

E quando morre o sentimento daquele instante fico, por uma fração de segundo, vazia, esqueleto sem vida. Até que outro pensamento me corrompe novamente. E de pensamento em pensamento eu faço o instante que me faz.

Escrevo-te caindo e caindo em mim, me amasso, me sufoco e de mim renasço em subproduto de mim mesma. Faço isso neste instante. Eu sou meu passado, presente e futuro. Sempre fui.

Nasço como nascem os instantes e da mesma forma morro. Não que me mate, mas simplesmente me uso e me acabo. Apago e acendo, apago e acendo, a todo instante apago e acendo. E essas alternâncias luminosas se transformam em sonoras. Notas que compõem o meu tempo, notas deste instante que gravo aqui. Vou me existindo no meu tempo conforme sou.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Sua

É a face nua,
a carne crua,
verdade sua.

Dos versos montes,
amores ternos,
deveras grandes.

No seu semblante,
da carne crua
mentiras nuas,
de outrora um instante.

Doravante.

domingo, 27 de junho de 2010

Estações

Mais um domingo típico, amor fraterno, espaço místico. Ar, que respirar cansou. 179cm de quilos indefinidos.

E a mim, me encantam os trocadilhos, os crocodilos, e os breves lampejos, e os finos trajes de algodão. Que me acompanham desde altas noites de inverno e dias longos de verão. Olhando o mar, a forca, a fina linha tênue entre o quinto, e o quarto, e o aspecto da vida.

Dos algoritmos lúdicos, os exemplos de somas, mais luxos mais pecados sujos e límpidos astutos. Mas, mas. Mais.

Contradições das ações que impedem os corações, de amores em ventos quentes, de quentes leitos de verão. De amores frios de invernos secos, de sangues quentes, palpitações. De coração. Dos corações enfermos, de luas grandes de emoção. Da sexta alvejada parte do corpo, do torto. Do tratado.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Caleidoscópio

Estou me acabando por você,
a toda hora me destruo e me refaço.
Quebro-me e não sei como me juntar,

Já fiz isso hoje.

Brinco com os verbos,
pulando nas linhas,
colando os cacos.

De forma psicodélica,
estou de volta,
diferente a cada instante.
Sou mutação ambulante de amor
E minha vida é prosa constante.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Cuida de mí

Eu parecia tão sob controle de mim.

Esta música espanhola me inspira o caminho físico à matriz. E como robozinho que apenas recebe ordens, fico confusa. Curto circuito, curtos pensamentos que se perdem no aço. Meu vidro capta você, identifica cada detalhe e te decodifica, como se já fizesse parte da máquina.

Minha física e química não me deixam ver o que é lógico. Lógico é você. De repente, sinto necessidade de me ver com outras verdades.

Vem, toque-me gelada, mudando, chorando flores de sentimento, que te toco sorrindo, quente e terrena. E eu, pobre robô escravo da tua presença, fico feliz. Senta ao meu lado e fala-me sobre nada, só preciso de tuas vibrações que se chocam em mim como ondas elétricas.

Repito, você é o lógico todo.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

5 quilometros em 100 metros

Nunca tive, nunca vou ter e adoro não ter controle sobre o meu carro.

Pareceria algo completamente estranho a primeira vista, mas é real. Meu carro tem sentimentos. Não desses que um individuo tem por si próprio, mas daqueles em que um imputa ao outro. Eu sei que então os sentimentos não seriam dele, poderia ainda afirmar que são meus, e sou eu quem os adiciona a ele. Mas eu estaria mentindo.

Meu carro parece perceber as coisas antes de mim, mesmo antes de eu me dar conta de algo meu carro avisa. Apresenta defeitos simples, defeitos esses que me incomodam, digo mais, defeitos esses que me irritam, me colocam em um estado pleno de ira no princípio, mas a medida que sou obrigado a conviver com eles, tudo começa a fazer algum sentido.

Um leitor de CD que só funciona quando estou de bom humor, ou ainda mais, janelas que emperram quando está na hora de deixar algo entrar, e hodometros que travam quando preciso me dar mais tempo pra entender o mundo. Meu mundo.

Tudo começou a um ano e meio, quando meu rádio tinha medo que eu ficasse deprimido, começou a se recusar a tocar CDs que não fossem originais, era um traço da minha personalidade que o rádio estava adquirindo? Só poderia estar louco. Mas era de fato isso, meu rádio a partir de então só toca álbuns originais. Meu respeito e valor a arte. Até aí tudo bem, simpatizei com ele.

Depois, minha janela travou exatamente no dia em que me apaixonara pela segunda vez. Fui obrigado a entender que não precisava ter medo de rodar por aí com ela semi aberta, que poderia deixar novos ares entrarem. Estava começando a gostar disso quando tudo desandou, a janela caiu de repente e não vedava mais, me deixei levar rápido demais. Fui obrigado a mandar consertar antes que alguma coisa mais séria acontecesse.

A janela ainda viria a "quebrar" várias vezes, sem o mínimo efeito ou eu ignorava, ou mandava consertar. Não era hora.

Agora era vez do leitor de CDs desandar de vez, só pra me mostrar que nem dentro do meu próprio carro eu posso garantir o controle de tudo. Por mais trancos que eu desse, mais jeitinhos inventasse, um dia ele tocava na hora, em outros demorava mais de 40 minutos pra me deixar ouvir o que queria. Quando não fazia birra de vez e me obrigava a escutar estações de rádio.

Foi então que meu velocímetro parou pela primeira vez, no meio da estrada. Marcava 0km mesmo eu estando a 120km por hora e novamente não adiantava eu brigar, enfezar, gritar ou esmurrar o volante. O marcador indicava o número que ele bem queria. Era hora de entender que eu tinha que desacelerar, por mais que eu amasse a vida em velocidade, meu carro estava mandando eu diminuir o ritmo. Isso se repetiu várias vezes nos meses seguintes, tinham dias ou mesmo semanas que ele funcionava normalmente, mas em outros nem sequer mexia o ponteiro.

Por último foi a vez do hodômetro, agora era ele que parava de marcar os quilômetros que rodávamos, fazia 5 quilômetros e marcava apenas 100 metros. Era meu carro me dando um pouco mais de tempo. Tempo que eu preciso e que agora eu aceito.

Isso tudo me serviu pra entender que eu não controlo nada, nem mesmo meu carro, que é um conjunto de metal, plástico e conduites eu consigo prever os atos. E todos os sentimentos são sim dele, mas são sentidos através de mim, de coisas que meu inconsciente me revela quando é hora. Por isso repito:

Nunca tive, nunca vou ter e adoro não ter controle sobre o meu carro.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Basta sentir

Uma vez me disseram que se fosse para escrever, escrevesse sobre o que sei. Mas só sei que nada sei. Catorze não é – vê lá - número grande suficiente para conclusões. Eu falto e busco mais.

Busco a mim e somente a mim mesma neste caderno, me abrindo a cada página como fragmentos desordenados de um mapa enquanto a vida me ensina meu manual de instruções. E a vida me instruiu a escrever.


Aqui estou com várias perguntar a ricochetear em mim como em vários espelhos e não atingir ponto algum a não ser o incerto.


Escrevo para descobrir o certo, as minhas verdades. Pois nenhuma redação é mentirosa no momento em que é escrita.


“Pensar é um ato, sentir é um fato”
Clarice Lispector

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Cartões Postais

Sinto em informar que é de grande frustração querer um universo que não é seu, se é que me entendem. E que, então, serve-lhe somente cartões postais. Que mais haverá além disso eu apenas imagino, que por hora não é crime.

Imagino, se Deus me permite, toda uma criação divina por trás de tuas duas janelas verdes. Abram-se as janelas e cessem os cartões postais! Não por hora, não por hora. Mas sim em breve. Pois se este momento pode esperar, ele é breve e será passado nesta curta linha de raciocino, que de raciocinio possui quase nada. Somente o necessário para um retardo controle de momentos, que de tudo só tem você. E eu, cartões postais.

Ordem Cronológica

Conhecer, desconhecer, reconhecer.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Em busca da primavera

Eu vou engolindo os problemas, sem fazer nada sobre isso, exceto continuar. Eu estou apenas voando. Mas voa ave para onde? Ninguém sabe, ninguém. Supõem-se que para longe, num lugar mais quente.

Esse era o plano. Esse era o plano, dizia andorinha.

Primavera e Sul? Apenas neblina, não estão por aqui. Desorientou-se.
Para onde vais andorinha? Por enquanto apenas sigo, respondeu.
Pois é isso, é isso. Não quer saber para onde vai. Simplesmente não quer, entende? Mas os ventos... Os ventos não são favoráveis.

Abortar missão? Não, um segundo, por favor. Um suspiro, pára pra pensar. Andorinha volta, ela precisa voltar. Agradeço se a compreendesse, pois ao contrário disso os ventos ocidentais fazem.

Pobre andorinha.

De volta a sua casa, o manto branco da morte. Ninguém esta em casa Srta. Andorinha.
Passados alguns momentos, o frio e a neve mataram-na de desgosto. Pobre andorinha, mal sabia que sua casa havia ficado para trás.

Stabilizers up, Runnning perfect, Starting to collect, Requested data

Muitos devem conhecer a marca de carros Lincoln como uma tradicional e luxuosa marca americana, passou por maus bocados com a estratégia da Ford em separar as BU s, mas agora parece estar se reerguendo.

A empresa foi fundada em 1917 e comprada por Ford em 22. Inicialmente era uma fabricante de turbinas de aeronaves e no pós guerra virou uma fabricante de carros de luxo. Foi justamente isso que as últimas campanhas da marca buscaram, trazer de volta esse aspecto de Turbinas de aeronaves, repensado para os dias de hoje. Como espaçonaves. Isso nasceu no próprio design dos carros e ultrapassou para os comerciais. Criando uma identidade para os novos modelos da empresa. Consistente entre posicionamento e execução.

Com o mote Reach Higher, vale muito a pena ver como ficaram as campanhas, começaram mais tímidas em 2008 com essa pegada e agora toda a nova comunicação só mostra raios, céus e estrelas. E o design do carro ficou do car****. Coloquei da mais antiga pra mais nova (se quiser ver só uma, sugiro a com asteriscos).

Lincoln MKS






Lincoln MKZ *******


Lincoln MKS Ecoboost


Lincoln MKT


Só pontuando que os carros custam de 35mil a 45mil doletas, e sempre teve um público fiel (mais velho) e agora eles se arriscam e apostam numa comunicação mais jovem, patrocinando inclusive bandas de música eletrônica.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

É coisa da nossa cabeça

Quanto mais eu paro pra pensar, mais eu penso que a verdade não existe.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Eis a questão

Nunca cheguei a medir o quanto sou e quanto não sou. Pois se ser é pecado, não ser é tragédia.

Não olhe nos meus pequenos olhos apaixonados

- Ofereço minha alma à Lua para que veja o mal que causa aos mortais.

Sigo com os olhos o sangue divino jorrando puro e insignificante. Oh, ferida, cura-me com teus venenos ou mata-me numa só apunhalada! Suplico a tua piedade, se piedosa, que não deixes sofrer mais esta flor. Exterminador do sentido, dos dias indiferentes e lindos por eles mesmos, incompletos como vieram a natureza! Por que exterminas isto? És um monstro, isto sim! Mostra-nos e envena-nos com ferida divina. Oh, corta-me, dilacera-me, deixe-me sanguando até as últimas gotas de amor e ignorancia. Luas e Monstros, olha que fazem as pequenas!

Alors on danse

É bem mais fácil quando a explosão ocorre dos dois lados. O desespero é mais que acolhedor. Os olhos hesitantes exitados se cruzam e se devoram, reduzindo os dois seres a pó. E reduzidos a pó estes seres se entregam sem máscaras, sem curativos. Mas sim, com as feridas sangrando em puro desejo, desejo de ti.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Venais 4

O amanhecer mostra que o espaço de acontecimentos, solidário apenas a matéria, faz sofrer mais uma vez justamente essa. Assim fazendo-o entender que é único, que como todos os outros tem total controle, e que sendo assim repulsa o tempo, e desentende o começo do fim. Que de fim só tem o começo.

Hector e Sr. Fox - Matemática ou parte 7

Das línguas diversas Sr. Fox aprendeu muita coisa, aprendeu a contar por exemplo. É aqui que tudo começa a ficar contraditório, o porque nem mesmo eu que sempre estive lá sei.

Hector e Sr. Fox - Breve período de transição ou capítulo 6 (cont)

Como dizia, Vida e Alma eram as que mais estavam presentes na vida do Sr. Fox. Afinal eram suas irmãs.

Depois de muito tempo, Sr. Fox entendeu do que se tratava, imagina alguém que você está acostumado a ver todos os dias da sua vida. Com quem conversa, com quem confessa, em quem sabe que pode confiar. Era exatamente isso, Hector era um amigo, um irmão, um agregado na família.

Que mesmo sem o mesmo sangue, dividia as mesmas ideias. Mas porque isso tomava tanto espaço em sua cabeça? Era a segurança. A segurança de ter um amigo que sem ser da família, não se preocuparia tanto na integridade física ou moral, mas que por compartilhar dos mesmos valores tornava a conversa interessante e alentadora.

Pronto era isso, era a insegurança. Como um amigo de longa data era então trocado por uma modelo. Que assuntos deveriam ter em comum? Nenhum de fato.

Justamente por isso a conversa era tão interessante. Hector e S.h. podiam discutir horas a fio sem ao menos chegarem a alguma conclusão, sem nem mesmo saber de onde começaram ou pra onde estavam indo. Mas algumas coisas eles sabiam.

Hector por exemplo sabia que o sorriso escondido debaixo dos lábios da menina era sincero. E S.h. sabia que frente a ela se encontrava alguém de coragem indestrutível. Mas Hector sabia mais, sabia que a pele da amada era suave, que seus cabelos eram da mais perfeita linha de seda. Sabia que qualquer piada contada por ela poderia alegrar sua semana inteira, e que aquele olhar se contivesse uma lágrima, lhe cortaria a alma.

Enfim Hector e S.h. estavam se conhecendo, e foi no primeiro toque de mãos que uma coisa diferente aconteceu. Hector pela primeira vez na vida percebeu seu coração batendo, não que ele não pulsasse antes, mas era a primeira vez que ele batia. Parecia lhe estourar o peito, a respiração aumentava para dar conta da nova função.

Era toda a descarga de adrenalina que ele nunca havia sentido, era toda a segurança que ela nunca havia vivido. Era algo novo, era ****, ou algo parecido.

Voltando ao Sr. Fox, esse agora se enterrava em livros, em línguas diversas, essas conhecidas, desconhecidas e as nunca antes imaginadas. Ele estava em uma realidade paralela, mas extremamente consciente da vida real. O problema era que Sr. Fox não se conhecia. Era isso! Sr. Fox tinha então no amigo alguém com quem não precisava se conhecer, não precisava se mostrar, Hector olhava pro amigo e entendia. Foram criados desde sempre juntos oras.

Então Sr. Fox entendeu que pra poder seguir deveria adquirir confiança, saber quem era e o que lhe importava. Começa então a busca de si mesmo. Extremamente clichê, mas afinal, todo clichê tem um fundamento. É a exteriorização do pensamento comum à massa humana. Há sociedade, única dúvida.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Contradições

Dando uma pausa no Hector e Sr Fox, vamos as contradições da vida.

Parado na copa do café com uma colega de trabalho (linda, loira e alta), disse brincando: - Café mancha os dentes, vc vai tomar isso?

E fui surpreendido com um: - MEU, tá tudo errado!

E saquei o porque, vc faz algo pra ser saudável, outra pra ser ecologicamente correto, outra pra ficar bonito e pronto, deixou de viver 25 anos da sua vida. Só pra exemplificar começamos uma listagem:

Açucar engorda (tá todo mundo sabe)
Sal retem líquido (é, verdade 36g = 1 litro)
Não coma gordura (bacon te amo tanto, amo vc...)
Cuidado com fibras em excesso (diminui a absorção de cálcio colega!)

Conclusão: Coma tudo sem nada! ( hospital feelings? oba, sou hipocondríaco mesmo, rehab é a nova yoga)

Tomar banho (okay, até aí é higiênico, e ainda fica cheirosinho hein, hein)
Não usar sabonetes em determinadas áreas para não alterar o PH natural da pele (até no meu banho conseguiram complicar???)
Shampoo só sem sal
Xixi no banho?! (principal da tríplice coroa, HELL YEAH)

Solução: Gaste mais tempo no banho pensando nisso, e gaste mais água??? Não! gastar mais água não. A água tá acabando poxa! (mais uma coisa inconclusiva no meu dia-a-dia. GRATO)

Não tomar café
Não tomar coca-cola
Tomar café e coca-cola pra ficar acordado, tomar café com coca-cola.

Ai porra, que confusão. E aí tomo ou não cafeína?

Conclusão final: Nenhuma.

Qualquer dúvida entre em contato
Obrigado
abs!

Rodolfo arouca!

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Hector e Sr. Fox - Breve capítulo de transição ou parte 6

De breve esse capítulo não tem nada. É apenas um monte de coisa reunida, sem muito sentido.

É cada lembrança dos dois que não existe mais, mas é cada amigo como André e Lucas que revive cada sentimento. Sem ao menos saber que no fundo algumas pessoas querem tudo isso de volta, em especial Vida e Alma.

As irmãs são quem acabam figurando esse capítulo quase todinho, que de quase não tem nada, acaba tomando a maior parte do texto. Porque ainda por cima devemos aceitar, que o período de tansição é na verdade a maior parte de nossas vidas, sempre temos que aceitar algo, sempre temos que entender algo.

Bom mais esse capítulo não fala de mim. Fala de um monte de gente, um monte de gente que Sr. Fox conheceu com o namoro do amigo. Do tempo que passou sozinho no espaço de tempo entre o começo e o final de namoro de Hector. (depois continuo)

Recado 2 (velho e com saudade)

São 28 passos ao lado de alguém que nunca pensei amar tanto. (blah)

Hector e Sr. Fox - O namoro ou Parte 5

Hector namora, a gente já sabe. Mas o quanto isso machuca Sr. Fox, ah! Isso é novidade. Sr. Fox disfarça, finge que está tudo bem, vez ou outra até conversa com Hector, apenas para vomitar depois. Hector namora.

A menina mais linda da cidade, sente vergonha, sente muito. Algumas senhoras de meia idade sentem que ela é a última a ser tão linda, depois disso deus há de impedir tal sacrilégio.

Mas era muito tempo, pouca gente. Aqueles primeiros 5 dias matavam Sr. Fox. Ele ocupava seu tempo com jogos, com estratégias de xadrez, com a falta de amor dos pais, dos dois. Era tudo culpa.

Sr. Fox com olheiras enormes finge amar a vida, mas desde que se sente tão sozinho não entende nem sequer sua própria alma (dessas que a gente conhece mesmo, mas uma de suas irmãs gêmeas). Mas falando em suas irmãs gêmeas pode-se dizer que Vida ajudou muito o irmão.

Como já comentei Sr. Fox era muito sozinho e ainda agora sem o amigo, se sentira ainda pior. Nem Vida nem o sucesso de S.h. eram o suficiente para distrair tal garoto. Ele até tentava.

Seus irmãos ajudavam, e com isso Sr. Fox ficou um tempo longe dos holofotes da cidade, cerca de 1 ano (não sei se já disse, mas Sr. Fox era da família mais rica da cidade) e ser da família mais rica mais era um fardo que uma vantagem. Ele fugia dos próprios pais.

Sr. Fox viveu o pior ano de sua vida, com Hector longe, e sem nenhum amigo perto ao não ser Vida que se aproximara tanto nesse momento, ***** não podia sequer tentar algo diferente. Com tantos holofotes, Sr. Fox agora era uma celebridade das redes sociais. Culpa do tempo de sobra em suas mãos.

O garoto de apenas 15 anos era um gênio, era um fato não havia como resistir. Cada estratégia que ele inventava era mais inusitada. A primeira empresa que contratou seus serviços foi a padaria do bairro. Seguida pela maior loja de departamentos e pelo shopping, seu primeiro grande cliente. E sem comentar que foi com o shopping que conseguiu destaque abrangente, e conquistou sua primeira conta nacionail.

Era uma conta simples, uma loja de departamentos com grande visão de futuro. Algo tão novo que fosse o suficiente pra fechar seus olhos para o sofrimento, e para pagar suas parcas contas.

Hector vivia uma vida estranha, diferente, sem amigos. Enquanto Sr. Fox vivia algo como uma bronca perene, sempre escutando algo que não gostasse. Era na verdade uma enorme auto crítica.

Mas para não fugir ao tema, na verdade era uma falta de emoção, que Hector até tentava disfarçar, mas não conseguia.

Hector respirava, mas parecia que nenhuma molécula de oxigênio entrava em seu corpo, era um ato mecânico. Sem nenhuma interferência nas necessidades mundanas. Algo puro como tudo que sentia, pela humanidade, na verdade não sabia ao certo.

Ah! Essa humanidade, que coisa mais horrivel, se pudesse contar nas mãos nem sequer precisaria. Sabia que havia no mundo apenas um em quem acreditava sem questionar: Lucas.

Lucas tinha a mesma idade dos dois, e desde a segunda série era amigo de ambos, até a festa de quinze anos. Nessa Lucas teve que tomar algum partido, e tomou o da verdade. Lucas terminou amizade com ambos.

Lucas deveria ser uma das poucas pessoas que sabia que os dois não tinham apenas uma amizade, mas uma relação de dependencia. Sr. Fox sofria na verdade porque Hector não estava mais sempre lá.

Mas uma vantagem que Sr. Fox conseguiu extrair foi a sorte, sorte de escrita. Agora André patrocina os posts e tudo o mais que Sr. Fox produzia, que diga-se de passagem não é pouco.

Sr. Fox começou a escrever pois corria, e para correr há de se pensar, para pensar há de existir algo. E esse algo no caso era a vida (não a irmã gêmea, mas sim o espaço de tempo).

Bom, Hector infeliz namora S.h, a 10 meses. E ela não sabe mais o que quer. Hector confuso acha que namora a modelo, acha sem saber!

Hector e Sr. Fox - Hector namora ou Parte 4

Hector começa a namorar, bem digamos que não foi algo muito sensato, mas é uma realidade. Hector e Sr. Fox estavam na época com 15 anos.

Lembra que eu disse que não sabia o porque de no terceiro aniversário juntos eles brigarem e Hector quebrar o óculos do Sr. Fox com um copo de creme de leite fresco? Então. Todo mundo sabia o motivo, mas a gente fingia que não. E esse foi o principal motivo.

Eu sinceramente não gosto dessa parte da história, mas tenho que aceitar que é necessária. Lembram da garota modelo da escola, que o Hector havia amarelado quando tinha cerca de doze anos? S.h. bem, ela continuou gostando dele em segredo pelos próximos 3 anos, antes de se declarar.

O que aconteceu é que S.h. era mais velha e tinha passado uma temporada toda em milão e outra em Nova York, e era récem chegada de volta ao Brasil.

Bom melhor começar do começo. No dia que Hector não conseguiu beijar S.h. e foi correndo para o Sr Fox.

No dia seguinte aquele turbilhão de emoções, Hector e Sr. Fox dormiam e nem desconfiavam da tramóia que se armava no quarto ao lado, Vida e Alma iriam atacar em pouco tempo. Hector era um velho conhecido da família, as gêmeas tinham liberdade até demais com ele, tratavam-o como irmão.

Vida nas pontas dos pés flutuou até o quarto do irmão, se curvou frente a porta e espiou pela fechadura, alguns raios de sol invadiam o quarto, não deveria ser mais que sete da manhã. Os dois garotos dormindo nem sequer imaginavam a movimentação traquina do lado de fora. Vida se encheu de si mesma e com um grito ensurdecedor correu pra dentro do quarto.

Risos de crianças e xingamentos mau humorados transbordavam do quarto. Hector foi o primeiro atacado, era o alvo principal de Alma que num sopetão partiu na frente da irmã e pulou no convidado.

Hector mal sonhava quando um pé se chocou contra suas costas, era Alma pisoteando e rindo por sobre ele. Mas o garoto adora aquelas duas, tão cheias de alegria, sempre armavam algo para surpreender o irmão. E como a visita de Hector era frequente, frequentemente vislumbrava aquelas cenas.

Mas as gêmeas logo foram pegas por Caio, que também acordava cedo, e fora atraído por aquele barulho delicioso de brincadeira. Caio era bem mais velho que as pequenas e bancando o monstro entrou no quarto gritando, pegou Vida no braço direito e Alma no esquerdo, e com as duas pequenas saiu do quarto aos berros.

Mas enfim, toda essa gritaria fora o suficiente pro Sr. Fox ter um imenso mau humor matinal, grunhindo seis palavras se levantou coçou a bunda (me desculpem mas isso é um fato, Sr. Fox fez isso) e foi até o banheiro, trancou a porta e um imenso silêncio pairou no quarto. Hector apenas se ergueu e cruzando as pernas sobre uma enorme almofada ficou imóvel, enquanto esperava o amigo.

Sr. Fox foi rápido, saiu do banheiro em pouco tempo ainda com a cara molhada, e um cheiro enorme de verbena. Hector adorava aquele cheiro, correu pro banheiro alegando estar apertado, mentira, queria mesmo era se lavar com aquele cheiro maravilhoso. O garoto se demorou dez minutos no banheiro e saiu todo molhado mas com um sorriso enorme no rosto.

Sr. Fox já havia colocado uma bermuda e o esperava sentado na cama. Os dois se comprimentaram com um olhar e sem trocar uma palavra desceram os 27 degraus de escada até a cozinha, estavam prontos para o café da manhã.

Mas isso foi o dia seginte, voltando agora ao namoro de Hector.

S.h. virou enfim uma modelo "profissional" aos 13 anos, se é que pode-se dizer isso à alguém nessa idade. Mas a menina já recebia ofertas de fora do país, que só foi aceitar 2 anos mais tarde. S.h. aos 15 sim era uma modelo profissional, desfilava na sua primeira New York Fashion Week. Mas em cada sorriso da garota e em cada olhar enigmático, era possível ver a determinação e a necessidade.

Necessidade desde afetiva a monetária, só pensava nas irmãs que deixará no Brasil, mas isso não era o suficiente de afastar S.h. de ser a mais nova brasileira a pisar numa passarela de Nova York (dizem que houve uma russa que mentiu a idade, mas não se sabe ao certo).

Mas algum tempo depois com a doença da mãe, S.h. e a tia Anita tiveram que voltar para o Brasil. A modelo não suportaria estar longe da mãe em uma hora dessas, mesmo com tia Anita insistindo que seria apenas um resfriado comum. S.h. temia.

Voltou ao Brasil seis meses depois de completar 16 anos, e tentando voltando ao ritmo habitual de uma criançã dessa idade, a mulher-modelo se matriculou no mesmo colégio, revendo seus colegas de classe logo no começo do ano. Dentre seus colegas de classe e fans estava Hector.

(S.h. ficará sem estudar um ano, e como Hector era adiantado ambos cairam na mesma classe. Obra do destino ou da matemática, os dois se reencontraram)

E foi na festa de aniversário de 15 anos de Hector e Sr. Fox que S.h. deu seu primeiro beijo, a menina havia negado seus desejos e sonhos infantis para seguir uma carreira séria, e por isso mesmo aos 17 anos nunca havia tocado outros lábios. Ao contrário do que as colegas de classe gritavam aos corredores.

Hector havia brilhado olhos aos ver S.h. entrando no Buffet, sorriu e sem graça derrubou um pedaço de coxinha no chão. Ah! Era o amor. Hector não conseguiria dizer o próprio nome naquele momento (não que eu ache isso, mas um menino Lucas vendo a cena fez-lhe a pergunta. Sem resposta).

O menino estava perplexo, boquiaberto (sim com aquele frango ainda mal mastigado na boca, que tratou de engolir em cinco segundos) cumprimentou a modelo e sem pestanejar a acompanhou até a parte de fora do salão. Pegou-lhe a mão para começar a dizer o quanto ela estava linda e como ele havia acompanhado a carreira dela a distância. Mas S.h. calou-o com um beijo, e pela primeira fez uma língua estranha lhe invadiu a boca.

Hector não entendeu nada, ele só sabe que gostou. E muito. Gostou o suficiente pra se "apaixonar". Maldita hora do parabéns, Sr. Fox percorria o salão soltando fogo pelas ventas quando encontrou o outro aniversariante de namorico. Ah! Sr. Fox ficou puto, correu até a varanda tomando um atalho pela cozinha. Hector quase entendeu o que estava acontecendo, quando fora subitamente puxado pela mão e arrastado no caminho de volta.

Nesse momento Hector agarrando o primeiro "qualquer coisa" atingiu Sr. Fox bem nos óculos, e como em câmera lenta os estilhaços das lentes se espalharam pelo chão. Creme de leite, vidro e poliuretano se misturavam.

Sr. Fox nervoso fechou a mão e novamente em câmera lenta derrubou o então ex-amigo. Os garçons corriam de um lado pro outro, alguns pra atiçar mais brigas, poucos para separar. O furdunço continuou por 5 minutos até S.h. sumir da festa.

Hector e Sr. Fox não se falaram por 1 ano, e o primeiro bravamente defendeu S.h., sua namorada por 11 meses.

domingo, 31 de janeiro de 2010

Hector e Sr. Fox - Alcatéia ou parte 3

Não sei se era a lua cheia, ou o cheiro de dama da noite. Mas era certo que nessas noites Hector ficava ainda mais esquisito que o normal (se é que se poderia definir por normal algo vindo do Hector, mas naquela época eu ainda não sabia disso, talvez nem mesmo ele soubesse).

Mas enfim, o que vou contar vem de uma certa noite, numa certa localidade perto da casa do Sr. Fox.

Correndo pelo caminho de pequenos blocos de cimento, envoltos por toda aquela grama do majestoso (majestoso talvez não, mas certamente grandioso) jardim da casa dos Fox vinha Hector.

Os poucos minutos ofegante desviando dos pinheiros retorcidos pareceram uma eternidade. Hector estava acostumado a correr, mas não a ter seu coração tão acelerado assim. Precisava contar tudo para o Sr. Fox, e precisava disso rápido.

Sr. Fox dormindo não imaginava o que se passava a poucos metros dalí, na verdade não estava bem dormindo, estava sim era deitado. Sr. Fox não dorme bem desde pequeno e foram poucas as vezes que dormiu sozinho no escuro, mas conto melhor disso depois.

Hector tinha uma altura consideravel para seus 12 anos, e era o suficiente para se puxar pela mão na grade de plantas do muro principal e pular pra dentro do terreno do casarão. Descendo pela continuação da grade sem fazer alarde.

Não sei como explicar exatamente essa grade, era um desenho do estágiário de arquitetura Pedro, algo realmente interessante e com muitas linhas retas. Quadriculado com cerca de um metro de largura que começava na parte de dentro do muro, logo ao lado do portão da frente. Subia até o alto e continuava do outro lado até cerca de 1,80m do solo. O suficiente pro Hector num salto agarrar a ponta e com ajuda do pé na textura do muro, ter firmeza pra escalar.

Bom a grade ainda era nova, mas novos mesmo eram os sentimentos do garoto. Correndo pelas plantas no caminho de cimento chegou na janela do lado esquerdo, a janela de ****** (nessa época ele ainda chamava o Sr. Fox pelo primeiro nome algumas vezes, coisa que nos próximos 3 anos se extinguiria).

Parando quase derrapando, apoiando as mãos no joelho, respirou ofegante mais algumas vezes. Levantou a cabeça pro alto e mirando a lua começou a uivar. Sabia que o amigo não estava dormindo.

O primeiro uivo foi tímido, mas o segundo. Ah! O segundo deixou Hector famoso naquela residência. Toda janela e todo o telhado ouviram aquilo, mas foram apenas os objetos. As pessoas dormiam um sono profundo. O famigerado uivo começou baixinho, mas logo aumentou violentamente sua intensidade e trouxe de dentro toda a pressão de um sentimento.

3 horas da manhã, num pulo Sr. Fox saiu da cama e com uma coragem desmedida abriu a janela. Não fazia ideia o que estava acontecendo alí, e pior ainda quando viu o amigo num estado quase lunático uivando no jardim da frente. Jogou-lhe uma borracha e fez sinal para que fosse a porta dos fundos. Hector entrou pela cozinha e subiu a escada de serviço na ponta dos pés segurando vez ou outra na barra do pijama do companheiro da frente, como um animal assustado.

Hector vinha de seu primeiro encontro, com a menina mais linda da escola. S.h. (melhor não falar o nome) era mais velha, tinha 14 anos e era modelo. Eram raras as vezes que frequentava todos os dias as aulas, seu trabalho ajudava a mãe a sustentar ela e a irmã, seu pai morrera quando pequena e os estudos naquela escola chique eram custeados pelo seguro que ele havia feito meses antes de dar entrada no hospital.

A história de vida triste e a beleza irradiante, davam ao seu olhar uma espécie de brilho distante. Algo de um sentimento verdadeiro que não deveria caber em um simples olhar.

Mas nem a história de vida, nem o sentimento abundante em seus olhos fizeram com que Hector conseguisse de fato tocar-lhe os lábios. A beleza talvez lhe atraisse a isso mas a insegurança e ingenuidade lhe arrastavam pro lado oposto sem levantar dúvida sequer.

Ou seja, Hector sempre tão impulsivo com todos, tão pegajoso, tão galanteador. Travou em frente a menina que lhe segurava a mão. Ele só conseguia pensar que não seria capaz de fazer mal algum aquela pequena, que não queria decepcionar ela de forma alguma. Esse medo lhe congelava a alma e os movimentos. E impediu o tão esperado beijo.

Mas o que seria o beijo afinal, um simples encontro de bocas. O que valia era a intenção, e intenção era o que não faltava. O garoto queria proteger S.h. o tempo todo, frequentemente arranjava brigas na escola para honrar o nome da menina, partia pra cima de quem a ofendesse.

Como sabemos que uma grande beleza é carregada com uma grande inveja, ofensas eram comumente lançadas contra a menina. Além do trabalho pouco entendido pelas crianças do colégio, que frequentemente confundiam com outras coisas mais pesadas. Aumentando os petardos de inveja.

Hector era e continuaria a ser o protetor de S.h. , mas depois daquela noite, iria se manter mais distante. Mas sempre alerta.

O Sr. Fox ao saber de tudo aquilo apenas jogou duas almofadas no tapete alto do chão e disse:
- Dorme Hector, sua noite foi agitada, e invadir minha casa e uivar no jardim não ajuda em nada.

Sr Fox estava com sono, só poderia ser, nem um abraço, nem um conselho frio e certeiro naquela hora? Sono!

Hector já estava mais calmo, a adrenalina havia baixado. Naquela hora mil toneladas pesavam sobre os olhos e o tapete mais almofadas se mostraram um combo fantástico.

Recado 1 (recado velho, muito velho)

Metade de mim sente saudade. Metade sorri por ter você.

Hector e Sr. Fox - Prelúdio ou Parte 2

Então Hector disse:

- Pena o Sr. Fox ser tão novo, seria um grande pensador no século retrasado.

Sr. Fox é chamado assim não pela sua idade, mas pela forma de encarar a vida. Apenas 22 anos e já tão preocupado com o futuro da nação mundial. Seus amigos enchem-lhe o saco - "Sr. Fox nasceu aos 38 anos!" bradam. Mas Sr. Fox não se importa, conta-lhe a si mesmo os problemas e não espera solução.

Mesmo sem esperar essas frequentemente vêm.

Hector e Sr. Fox eram grandes amigos, é tudo que posso dizer-lhes por ora.

Sobre Vida e Alma, bem, elas aos 5 anos viram Hector pela primeira vez, seria uma paixão que as gêmeas só iriam revelar anos mais tarde.

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Mas voltando ao Sr. Fox, sujeito interessante. Bonito, simpático, inteligente e graças a deus, além desse pacote básico vinha a loucura. Senão seria um grande clichê, 22 anos e tudo isso. Impossível, ou melhor, improvável.

Sr. Fox vinha de família média, com riquezas muito mais inteligiveis do que tangiveis. Casa boa no centro da cidade, assobradada, 5 quartos, biblioteca e uma imensa cozinha. Mas nínguem comia naquela casa e poucos liam.

Os 4 irmãos constituiam-se por 2 irmãos mais velhos, Caio de 25 e Pedro de 30, e duas irmãs mais novas, Vida de 20 anos e Alma de 20 anos e 2 minutos. Era estranho mas frequente, elas vinham sempre nessa mesma ordem, primeira a Vida e depois a Alma, mesmo a segunda sendo a mais velha.

Já o nome verdadeiro do Sr. Fox muita gente não sabe, só era pronunciado dentro de casa, pelos seus pais em cólera.

Novamente, Sr. Fox seria um grande clichê ambulante se não fosse sua dosagem erudita de loucura.

Quanto ao Hector, bem, ele era seu melhor amigo, mesma idade, mesmo porte físico e mentalidade próxima, mas suficientemente distante pra tornar a amizade produtiva. Eram tidos por irmãos diversas vezes em restaurantes e barzinhos, mas também prefiro manter as informações sobre essa amizade num grau raso de profundidade, por enquanto.

Vejamos o que mais contar. Fizeram festas de aniversário juntos durante 3 anos, mas desistiram quando Hector, num golpe certeiro quebrou o óculos do amigo com um copo de creme de leite fresco. Agora como o creme de leite fresco foi parar dentro de um copo, no meio de uma festa num buffet, na mão de um menino de 15 anos, isso ninguém sabe.

Hector já experienciou a morte uma vez. Sua planta mais verdinha secou do dia pra noite. já o Sr. Fox o máximo que viu foram insetos caindo ao chão, durante o vôou da morte em torno de lâmpadas. Nisso não experienciou nada, na hora, semanas depois caiu no choro logo na véspera de seu 8º natal.

Hector é bobo, Sr. Fox é louco. Ambos gostam de animais.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Venais 3

Esse tempo em brasa anuncia que o céu, sem piedade do couro, tortura a alma. Que assim verás que és por dentre vós apenas nenhum, que sem forças desnuda nesse interim entre o começo e o épico. Que de prelúdio não conhece nada.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Osso

E se alguém dúvidar continua vivendo até o último cálcio de seu osso.

Vidinha

Hey vidinha vai tomar no cu,
eu te conheço desde a alma sei que você foi pro sul

E foi pro sul então aquecer seu coração,
mas eu sabia era mentira que teria o seu perdão.

Daí eu disse: Hey vidinha vai tomar no cu!

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Venais 2

Esse novo dia anuncia, sem piedade da alma, os mal tratos a esse pobre coitado. Que assim verás que és por dentre vós apenas mais um, que bravamente luta, nesse periodo de tempo entre o começo e o fim. Que de fim não conhece nada.


Venais

Esse céu em brasa anuncia que o tempo, sem piedade da alma, maltrata mais uma vez esse pedaço de couro. Que assim verás que és por dentre vós apenas mais um, que bravamente luta nesse interim entre o prelúdio e o épico. Que de épico não conhece nada.


domingo, 17 de janeiro de 2010

Combustível

E essa criatura detestável faz o que ao seu lado?
Expurga tal alma vil com olhos falsos de ternura.

- Não! Deixe-a aqui.

Ah! Como gosta de quem te ama?
Quem ama-te é vil e egoísta. O amor devor'alma, com tamanha avidez que só poderia ser naquilo que mais te odeia, o combustível.

Expurga tal alma vil, com olhos falsos de ternura.

breve prelúdio

Levanta-te defunto em vida.
Acorda e vai ver a vida, antes que a vida te veja, te perceba e te mate.
Como faz com tantos sonhadores.

Então deita-te e sonha, mas sonha pouco, e seja breve.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Invólucro humano

Ah! Os sentidos o que são, se não crédulos sensatos
sob os olhos vis de quem sem saber o que sente
sente em vida o fim de um amor perene.

E as emoções, rojões da alma em vida
que se já sem vida sobrevive, a cada senão
sem ter em seu invólucro humano algo de terno.

domingo, 10 de janeiro de 2010

fato 2

Ah! Se eu pudesse controlar metade do que sinto.

Alguém que te amou tanto que hoje sente constrangimento, por metade dos sentimentos.
Algo do passado.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Casa Valduga

Não tenho vida, não tenho ar. Só tenho vinho, e vinho acaba.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Janela

Não faz algum sentido, essa janela aberta. Fecha, fecha. Não pode ser mais. "Sinceramente fico feliz" só me deixa muito infeliz.

Essa janela do meu carro, que abre quando não deveria, essa luz da geladeira que acende quando tudo acabou. É esse não aguento, é esse monte de coisa. Esse monte de coisa que tenho controle nenhum.

Quero um mínimo de controle da minha vida, só do amor se possível, pois eu não acredito mais.

Da próxima vez que escutar um eu te amo mato, morro. Só irei escutar, sem ouvir. Não prestarei mais atenção, me farei de desentendido. Morrerei, acordarei. Levantarei e sairei andando, correndo pro fim do mundo, sem saber do mundo o fim. Fim.

Refúgio

Meu corpo refuga bebida
eu ponho pra dentro

Meu corpo assume mentiras
eu vivo

Minha vida aceita verdades
eu omito

Eu refugo o amor
meu corpo sente

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Fato 1

Se é pra estar lá, que eu não enxergue.
Se é pra ver, que seja breve.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

É toda essa inocência

"O que começa a realizar-se sem controle, discreto nos sorrisos e nos olhares, e nos pensamentos, e devagar. Ele chega e derruba tudo como um tsunami. Beijos molhados em seres desesperados.
Mas o que posso dizer, isso eu não sei."


(via isinha)